Um copo d'água

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Entre Irmãs

O telefone toca. Ring Ring.
- Alô?
- Alô, Duarte?
- Oi Duarte!
- Duarte, me tira uma dúvida...
- Sim.
- George Harrison morreu?
- Duarte, morreu sim.
- Puxa, faz tempo? (decepção)
- Humm, uns cinco anos...
- Puxa...
- Tá bêbada?
- Não. Vou beber...
- Tá bom, então
- Valeu, beijo
- Beijo.
Tum tum tum tum tum

Um bom copo d’água

Não há nada que um bom copo d’água não resolva. Pode ser ressaca, dor de cabeça, dor de barriga. Pode ser soluço, previsão de gripe, ou até mesmo sede. Beba um copo d’água e tudo vai melhorar.
Água é um elemento fantástico. Refresca, hidrata, limpa, revigora. Sempre achei que água fosse a solução para os vários problemas físicos. E metafísicos também. Sabe aqueles dias que a gente acorda meio pra baixo, meio sem querer nada... uma sensação estranha na garganta, no estômago? Pois bem, recomendo que pegue um copo bem grande. Encha de água mineral, geladinha, mas não muito, e vá bebendo. Não precisa ser de gute-gute. Vá com calma. Beba de gole em gole. Saboreie toda a insipicidade do líquido. Toda a transparência... Deixe a água ser absorvida pelo seu corpo. Devagar, mas constante. Enquanto você estiver fazendo isso, coisas incríveis vão acontecendo dentro de você.
Cada gotinha vai sendo absorvida por suas células. E o processo começa já na sua língua! A boca fica mais molhadinha, você se sente capaz de falar com mais fluidez, mas maciez. Você pode molhar os lábios com a língua, eles vão ficar mais rosados, mais brilhantes.
Na garganta, a sensação é ainda melhor. Porquê não só você vai refrescando-a como você pode tomar conhecimento da própria existência dela [a garganta]. Se a água estiver um pouco mais gelada, é possível, inclusive, sentir o caminho que o líquido percorre até chegar ao estômago! A água é reveladora! Ela é capaz de fazer sentir-se tocado por dentro. Quando eu era criança, eu gostava de sentir a água dentro do meu estômago. Lembro que eu tomava um copão bem geladinho e enchia a barriga. Depois eu deitada de barriga pra cima e começava a chacoalhar a pança. Às vezes, quando dava sorte, eu conseguia sentir a água se revirando de um lado pro outro, dentro de mim. Chegava até a fazer um barulho... aquele “ploft” ou “bluft” que faz quando você sacode um recipiente com água, de um lado para o outro.
Mas não era fácil conseguir sentir isso, não. Tinha que chacoalhar o corpo de uma forma bem específica. Não podia contrair músculo do abdome. Tinha que estar, de certa forma relaxada... eu sempre achei aquilo incrível.
Mas voltando a experiência com o copo de água, veja bem, depois de uns cinco goles você pode até se sentir saciado, mas não pare! Nesta fase é importante que você passe a mentalizar não apenas os caminhos físicos que o líquido está fazendo, mas comece a pensar também que, literalmente, ela pode lavar a sua alma.
Imagine que o seu problema é algo seco preso na goela. Como se fosse uma massa de pão velho que você tenta engolir, um pastel de forno de três dias atrás que consome toda a sua saliva, mas continua seco, duas crackers mastigadas que tentam descer de uma só vez... A água vai envolvendo tudo isso, diluindo, facilitando a descida, amenizando o sofrimento. A água resolve tudo... só não apaga o fogo.

Um copo d'água

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Entre Irmãs

Um bom copo d’água

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